terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

CARPE DIEM

          Antes que me acusem, como escutei de um grande amigo meu, de estar virando "preguiçoso" e estar postando aqui no Blog apenas textos de outros (obviamente que dando os créditos ao autor), comento que tenho feito isso com uma certa frequência devido a qualidade desses textos. É nada mais do que dar crédito e enaltecer um autor pelas belas palavras postas no papel.
          E assim sendo, segue um texto fantástico, que segundo me informaram foi escrito por RUTH MANUS e que vale ser lido e relido...


O cenário é mais ou menos esse: amigo formado em comércio exterior que resolveu largar tudo para trabalhar num hostel em Morro de São Paulo, amigo com cargo fantástico em empresa multinacional que resolveu pedir as contas porque descobriu que só quer fazer hamburger, amiga advogada que jogou escritório, carrão e namoro longo pro alto para voltar a ser estudante, solteira e andar de metrô fora do Brasil, amiga executiva de um grande grupo de empresas que ficou radiante por ser mandada embora dizendo “finalmente vou aprender a surfar”.

Você pode me dizer “ah, mas quero ver quanto tempo eles vão aguentar sem ganhar bem, sem pedir dinheiro para os pais.”. Nada disso. A onda é outra. Venderam o carro, dividem apartamento com mais 3 amigos, abriram mão dos luxos, não ligam de viver com dinheiro contadinho. O que eles não podiam mais aguentar era a infelicidade.

Engraçado pensar que o modelo de sucesso da geração dos nossos avós era uma família bem estruturada. Um bom casamento, filhos bem criados, comida na mesa, lençóis limpinhos. Ainda não havia tanta guerra de ego no trabalho, tantas metas inatingíveis de dinheiro. Pessoa bem sucedida era aquela que tinha uma família que deu certo.

E assim nossos avós criaram os nossos pais: esperando que eles cumprissem essa grande meta de sucesso, que era formar uma família sólida. E claro, deu tudo errado. Nossos pais são a geração do divórcio, das famílias reconstruídas (que são lindas, como a minha, mas que não são nada do que nossos avós esperavam). O modelo de sucesso dos nossos avós não coube na vida dos nossos pais.

E todo mundo ficou frustrado.

Então nossos pais encontraram outro modelo de sucesso: a carreira. Trabalharam duro, estudaram, abriram negócios, prestaram concurso, suaram a camisa. Nos deram o melhor que puderam. Consideram-se mais ou menos bem sucedidos por isso: há uma carreira sólida? Há imóveis quitados? Há aplicações no banco? Há reconhecimento no meio de trabalho? Pessoa bem sucedida é aquela que deu certo na carreira.

E assim nossos pais nos criaram: nos dando todos os instrumentos para a nossa formação, para garantir que alcancemos o sucesso profissional. Nos ensinaram a estudar, investir, planejar. Deram todas as ferramentas de estudo e nós obedecemos. Estudamos, passamos nos processos seletivos, ocupamos cargos. 

E agora? O que está acontecendo?

Uma crise nervosa. Executivos que acham que seriam mais felizes se fossem tenistas. Tenistas que acham que seriam mais felizes se fossem bartenders. Bartenders que acham que seriam mais felizes se fossem professores de futevolei.

Percebemos que o sucesso profissional não nos garante a sensação de missão cumprida. Nem sabemos se queremos sentir que a missão está cumprida. Nem sabemos qual é a missão. Nem sabemos se temos uma missão.

 Quem somos nós?

Nós valorizamos o amor e a família. Mas já estamos tranquilos quanto a isso. Se casar tudo bem, se separar tudo bem, se decidir não ter filhos tudo bem. O que importa é ser feliz. Nossos pais já quebraram essa para a gente, já romperam com essa imposição. Será que agora nós temos que romper com a imposição da carreira?

Não está na hora de aceitarmos que, se alguém quiser ser CEO de multinacional tudo bem, se quiser trabalhar num café tudo bem, se quiser ser professor de matemática tudo bem, se quiser ser um eterno estudante tudo bem, se quiser fazer brigadeiro para festas tudo bem!

Afinal, qual o modelo de sucesso da nossa geração?

Será que vamos continuar nos iludindo achando que nossa geração também consegue medir sucesso por conta bancária? Ou o sucesso, para nós, está naquela pessoa de rosto corado e de escolhas felizes? 

Será que sucesso é ter dinheiro sobrando e tempo faltando ou dinheiro curto e cerveja gelada? 

Apartamento fantástico e colesterol alto ou casinha alugada e horta na janela? 

Sucesso é filho voltando de transporte escolar da melhor escola da cidade ou é filho que você busca na escolinha do bairro e pára para tomar picolé de uva com ele na padaria?

Parece-me que precisamos aceitar que nosso modelo de sucesso é outro. Talvez uma geração carpe diem. Uma geração de hippies urbanos. Caso contrário não teríamos tanta inveja oculta dos amigos loucos que “jogaram diploma e carreira no lixo”. Talvez- mera hipótese- os loucos sejamos nós, que jogamos tanto tempo, tanta saúde e tanta vida, todo santo dia, na lata de lixo."

Simples assim!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

NOSSA SOCIEDADE_A situação no Espírito Santo (e no Brasil em geral!)

A dias estava pensando em escrever sobre o caos vivido pelo belo estado do Espírito Santo. O texto rascunhado começava com uma alusão ao nome daquele estado e terminava perguntando qual seria o futuro dos capixabas...
Sinceramente foram tantas cenas e tantos comentários, que não consegui formular um texto mais coerente e por fim acabei recebendo em um grupo de WhatsApp o texto abaixo. Infelizmente não sei quem é o autor pois gostaria de parabenizá-lo. Boa leitura!!


"Pelo visto, as coisas estão se encaminhando... A polícia está recuando e o Governo está distribuindo ameaças a policiais e seus familiares.
Bom para todos nós, não é!? Será mesmo? Não vou responder para não criar polêmica, mas não posso deixar de ponderar algumas coisas.
1) o ES está dando um recado ao Brasil. Nossa segurança não é sólida, é forjada através de armas e uniformes.
2) não vamos ser ingênuos... o juramento do militar para proteger e defender a sociedade existe sob a premissa natural de que essa mesma sociedade é merecedora desse mister, é boa, é essencial e justa para com todos os seus membros. Eles não são programados (como robôs) para servir e proteger, eles são inspirados!
3) Os episódios de vandalismo e criminalidade escancararam nossas desigualdades sociais mais uma vez. A polícia que muitos estão ofendendo são o único escudo entre uns poucos privilegiados e outros muitos "excluídos"...
4) Nossa revolta precisa ser melhor trabalhada e direcionada. Vamos ficar revoltados porque não podemos passear no shopping? Fazer nossa caminhada?
"Que se dane que eles não são dignamente remunerados, são nossos servidores não é? Pagamos o salário deles!"
"Se não quiserem ser policiais, façam outra coisa, não é?"
Lindo isso! Assim vamos ajudando a construir nossas castas... repito, eles não são robôs.
Trabalharão por inspiração ou sobrevivência. Se a população não os valorizar, não haverá inspiração e se não lhes permitir sobreviver condignamente, não restará nada.
5) Nossa sociedade precisa repensar os rumos que o país está tomando. Não se sustenta um discurso de escassez enquanto assistimos o deleite público de muitos.
Estamos esquentando uma panela de pressão social!
Corrupção, privilégios, regalias (para uns) convivem com discurso de austeridade, restrição e escassez... para outros.
6) Não podemos mais conviver com um policial ganhando R$ 2.000,00 e um Deputado ganhando R$ 27.000,00. Acho que ficou clara a essencialidade das funções.
Não podemos mais compactuar com um salário de R$ 2.000,00 para professores e R$ 45.000,00 para magistrados e promotores.
Não podemos mais aceitar o repasse de 2 milhões para um hospital e 819 milhões para fundos partidários!!! (Não inventei esse número não, está na LDO 2017).
Pessoas também morrem nesta divisão, não apenas quando policiais não saem às ruas...
As pessoas precisam questionar isso! A omissão também gera consequências.
7) nessa toada, pode ser que cheguemos a um momento em que a sociedade será tão privada dos seus direitos básicos que não permitirá que ninguém mais possa usufrui-los.
"Cruzes! Vc dirá!!! Que exagero!"
Mas não é o que experimentamos nessa semana??? Ou melhor, uma pequena prova.
Esperemos (e trabalhemos) para que esses dias nunca cheguem. Se chegarem, veremos o que é barbárie e caos verdadeiro."