quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

"E SE OUTRO DINHEIRO FOR POSSÍVEL ??"

          Em que pese não concordar 100% com o texto, a leitura e principalmente a ideia são excelentes.  Uma parte que realmente não posso concordar é quando o autor fala:  "os valentões da eurozona insistem em extrair até a última gota de sangue dos povos que não foram responsáveis pela irresponsabilidade de seus governos." 
Perguntaria ao autor...: quem colocou os governantes lá? Não foi o povo que não soube votar? Não é o povo que tem o poder para tirar e colocar seu representante??? (alguma semelhança com o Brasil??)

Segue então o excelente texto de George Monbiot e traduzido por Antonio Martins:


Compare as exigências feitas ao governo grego com as facilidades oferecidas aos bancos que provocaram a crise financeira de 2008. Os ministros da zona do euro insistem na rendição incondicional de Atenas: uma humilhação nacional que zomba da democracia. Mas quando os bancos foram socorridos, os governos inventaram o dinheiro necessário quase sem exigir condição alguma. Pediram timidamente algumas poucas reformas; e fingiram que não viram, quando os banqueiros as desrespeitaram.
 
O governo alemão, que agora dedica-se a infernizar a vida no sul da Europa, apenas arranhou seus próprios bancos. Como relatou o New York Times, embora o corrupto sistema bancário alemão “necessitasse de um resgate maior que o destinado aos bancos norte-americanos”, “houve pouco apetite para mudanças, porque o sistema bancário está imbricado demais com a política, servindo como fonte permanente de patrocínio e financiamento para projetos locais”.
 
Os gregos estão certos, quando reclamam que foram reduzidos a súditos coloniais, mas os senhores não são os governos no Norte da Eurozona. São os bancos privados. Os governos que parecem determinados a destruir um Estado soberano por sua ousadia são apenas intermediários do poder.
Nada disso procura negar a corrupção e promiscuidade fiscal dos governos gregos anteriores. Mas enquanto os bancos escaparam, tendo praticado atos muito piores, os valentões da eurozona insistem em extrair até a última gota de sangue dos povos que não foram responsáveis pela irresponsabilidade de seus governos.
 
A Grécia chegou ao fim da linha – é o que se diz. Talvez. Ou, talvez, haja possibilidades que ainda não examinamos com atenção, espaços para esperança em meio à ruína.
Uma ideia radical, sobre dívida e dinheiro, foi proposta há alguns meses por Martin Wolf, editorialista do Financial Times. Ele propõe retirar dos bancos privados seu notável poder de criar dinheiro a partir do nada. Por poderem emitir crédito, eles fornecem entre 95% e 97% do dinheiro disponível nas sociedades. Se os Estados estabelecessem monopólio na criação de dinheiro, os governos poderiam ampliar a oferta sem criar dívida. A senhoriagem (diferença entre o custo de produzir dinheiro e seu valor) favoreceria o Estado, somando bilhões aos cofres públicos. Os bancos seriam reduzidos a servidores, e não mais senhores, da economia.
 

Um enfoque inteiramente distinto foi proposto por Ann Pettifor, em Just Money — How Society Can Break the Despotic Power of Finance[Dinheiro Justo – Como as sociedades podem quebrar o poder despótico das Finanças, sem edição em português] – um livro fascinante, ainda que mal escrito e caótico. Ela argumenta que os governos não foram capazes de entender o que é o dinheiro. Ele não deveria ser visto como uma mercadoria, argumenta Ann, mas como uma relação social baseada em confiança. Algo raro, para uma crítica radical das finanças, ela enxerga a criação de dinheiro pelos bancos privados como “um grande avanço civilizacional”, à sua época – porque libertou as nações dos usurários que antes monopolizavam e restringiam o acesso à riqueza monetária.
A oferta de dinheiro é, na verdade, ilimitada: enquanto houver atividade produtiva suficiente para absorvê-lo, não há razão óbvia alguma para restringir o volume de dinheiro que pode ser emitido. Portanto, quando os governos e os bancos centrais disserem que o dinheiro acabou, prossegue Pettifor, ou eles estarão mentindo para nós, ou para si mesmos. O que limita a atividade econômica é uma restrição desnecessária e artificial dos meios de troca.
 
O grande avanço civilizacional da atividade bancária foi destruído por meio de sua desregulamentação, cujo resultado foi uma novo sistema de usura, especulação e exploração. Os bancos privados emprestam por muito o dinheiro que recolhem por quase nada, forçando-nos a trabalhar cada vez mais e a devastar ainda mais a natureza para honrar nossas dívidas. Pettifor sugere que os governos deveriam reassumir o controle sobre as taxas de juros em todos os níveis das operações de crédito.
 
Mas é possível que as maiores transformações possam se dar em plano local. A Grécia já tem algumas moedas locais, que mantiveram a circulação de dinheiro em diversas cidades, já que não podem ser recolhidas (há sistemas similares em muitos países). Mas, estranhamente, ainda não se utiliza um sistema marcante e transformador que por pouco não salvou a Europa do fascismo: a moeda desenvolvida pelo economista Silvio Gesell, baseada num vale-selo. Ele é explicado em The Future of Money, um livro magnífico de Bernard Lietaer.
 
Em sua forma original, o vale-selo era um pedaço de papel onde estavam impressos diversos quadradinhos. A moeda perdia validade exceto se um selo, que custava 1% de seu valor, fosse fixado num dos quadradinhos, a cada mês. Em outras palavras, a moeda perdia dinheiro ao longo do tempo, de modo que não havia incentivo para acumulá-la. Projetos de vale-selo multiplicaram-se na Alemanha e Áustria, quando as moedas nacionais entraram em colapso no início dos anos 1930. Em 1932, por exemplo, a cidade austríaca de Wörgl quase quebrou, por se tornar incapaz de financiar as obras públicas, ou de apoiar sua população empobrecida. Até que o prefeito soube da proposta de Gesell.
 
Ele usou os poucos fundos que restavam nos cofres públicos como garantias para os vales-selos – e usou-os para pagar uma obra. Os trabalhadores faziam a moeda circular tão rapidamente quanto possível. Como mágica, este pequeno volume de dinheiro manteve-se em circulação, permitindo que Wörgl repavimentasse suas ruas, reconstruísse o sistema de abastecimento de água, construísse novas casas, uma ponte e até uma pista de ski. Nos 13 meses que durou a experiência, as notas circularam centenas de vezes, criando entre 12 e 14 vezes mais emprego do que teria feito a moeda convencional. O desemprego acabou, e a venda de selos garantiu, sozinha, um restaurante gratuito que alimentava 220 famílias.
 
Os governos da Alemanha e da Áustria, profundamente ameaçados pelo sucesso destes projetos, liquidaram-nos. O emprego desabou de novo, e um pintor austríaco, tresloucado porém carismático, encontrou o caminho para o poder que buscava há muito.
 
Quando o grande economista norte-americano Irving Fisher examinou estes experimentos, ele concluiu que “a aplicação correta do vale-selo revolveria a crise de depressão nos Estados Unidos em três semanas. Mas o governo de Roosevelt, ciente de que tais moedas poderiam acarretar, para o governo federal, vasta perda de poder, prontamente as baniu.
 
Tais ideias poderiam ser úteis para a Grécia e outros países. Não sei. Mas se Atenas abandonar o euro, talvez possa se abrir um mundo de possibilidades, para as quais temos permanecido de olhos fechados.

E no Brasil?  E em nossa cidade?  Foz do Iguaçu poderia ter instituir o "vale-quati'??

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

PLANEJAMENTO

     Dos fundamentos da Administração, obtemos os enfoques dessa nobre ciência: PLANEJAR, ORGANIZAR, DIRIGIR e CONTROLAR.

     Sobre PLANEJAMENTO, podemos resumir como uma ação administrativa que nos mostra a situação atual e,  a partir dessa, avaliar os caminhos a serem trilhados, transformando um futuro utópico em uma realidade palpável, organizando as ações e, inclusive, antecipando os resultados esperados.

     Se no campo das ideias a definição de PLANEJAMENTO é simples, muitas vezes a efetivação desse é um pouco turbulenta.

     Essa breve introdução me leva a comentar a situação caótica da Ponte Internacional da Amizade (PIA) em Foz do Iguaçu. Esse caminho, inaugurado na década de 1960 pelos presidentes Stroessner e pelos saudoso presidente Castelo Branco passa novamente por uma necessária reforma.

     O problema não é a reforma (repito, extremamente necessária), o tema é que nossos grandes "administradores" públicos provavelmente nunca leram nada a respeito de PLANEJAMENTO!!!! Vejam vocês que agora, após um mês do começo das obras e com todo o transtorno causado (milhares de carros, motos, onibus...) estão começando a pensar em alternativas ao fluxo de pessoas e veículos... 01 MÊS DEPOIS!!!!!!!

     Oras, qualquer pessoa com um mínimo de senso de organização e de cuidado, teria previsto esse caos e teria feito ANTES, um PLANEJAMENTO do fluxo.

     Escutei no começo da semana a vereadora Anice (PT) dizendo que iria discutir com a direção da Itaipu Binacional a possibilidade de utilizar a pista da barragem para o trânsito... Será que só eu sei que essa ideia é natimorta?? Não sabe essa nobre vereadora que aquela área é uma área de segurança nacional, que afeta 02 países  e qualquer decisão nesse sentido demoraria pelo menos 06 meses? Que há toda uma estrutura a ser implantada para que esse trânsito possa funcionar??

     Outro discurso é a disponibilização de balsas para cruzar o rio Paraná. Excelente ideia não fosse essa também, uma ação que depende da instalação das aduanas (Receita Federal), patrulhamento e alvarás da Marinha (Ministério da Defesa), serviços de terraplanagem (prefeitura municipal), DER/PR (estadual), Polícia Federal (ministério da Justiça) e licitação do serviço (Lei 8666/93).  
Quando conseguirem juntar todos esses órgãos em uma mesa para conversar, provavelmente se lembrarão que tem um outro país envolvido (opa, chamem então o Ministério das Relações Exteriores e o Itamaraty).

     Quanto tempo demoraria tudo isso???  6 ou 7 meses provavelmente.  Muito tempo? Sem dúvida tendo em vista que as obras demorarão cerca de 05 meses. Ou seja, quando conseguirem achar uma "solução", o problema já estará resolvido.

Pergunto: por que não PLANEJARAM isso a uma ano atrás? Por que não realizaram todas essas reuniões ANTES de começarem as obras?  E principalmente...

Quem é culpado pela explícita falta de PLANEJAMENTO?????