terça-feira, 11 de novembro de 2014

GASTANÇA IRRESPONSÁVEL

          Conversando com meu pai e tristes pela vitória petista no último pleito, meu velho amigo me consolou com um posicionamento que merece uma certa reflexão...  na verdade, disse meu pai, "foi até bom que a atual presidente tenha se reeleito".  Fiquei sem entender em um primeiro momento a afirmação quando veio na sequencia a explicação:  "esse atual governo ´tão ruim e nefasto, gastou tanto dinheiro com bolsas eleitoreiras e com medidas populistas, que o Brasil está quebrado...  ou seja, caso o outro candidato tivesse sido vitorioso, seria obrigado a pagar uma conta nefasta, conta essa criada pelos atuais governantes, atolados em um mar de corrupção, incompetência administrativa e aparelhamento estatal. Caso tivesse ganho, teria que obrigatoriamente tomar medidas impopulares e ficaria com todo o ônus nascido a 12 anos...
          Fui obrigado a concordar e a prova está aí agora; apenas 02 (dois) dias após as eleições o atual governo reeleito aumentou a taxa de juros. Oras, por que não fizeram isso antes das eleições???  Duas semanas apenas após a vitória nas urnas, o atual governo reeleito anunciou aumento de combustíveis para dezembro. Novamente pergunto, por que não o fizeram antes das eleições???
           Para complementar o pensamento de poder dessa quadrilha instalada no Palácio do Planalto, eles trocarão o ministro da fazenda. Antes de sua saída porém, o atual ministro é o encarregado de informar essas novidades de aumentos ao povo. Isso tudo para não "queimar" a imagem do novo ministro. Parabéns PT!!!!!
       
Para ilustrar esse pensamento, transcrevo abaixo o editorial da Gazeta do Povo do dia 04/novembro com o título GASTANÇA IRRESPONSÁVEL.
Excelente texto que vale a reflexão:

Logo nos dias seguintes à eleição de Dilma Rousseff em segundo turno, foi aberto um baú de informações e medidas no campo da economia contrárias ao que foi dito nos programas eleitorais do PT. Para começar, o Banco Central (BC), desesperado com a deterioração das contas públicas e a ascensão da inflação, determinou elevação da taxa básica de juros, a Selic, passando de 11% para 11,25% ao ano. A preocupação do BC era tanta que o órgão não esperou nem sequer algumas semanas para elevar a taxa de juros, mesmo sabendo que isso desgastaria o governo.
Mas a semana nem havia terminado e a presidente ainda estava em descanso pós-eleitoral quando o BC e o Ministério da Fazenda divulgaram os dados sobre o desempenho das contas fiscais, revelando até onde chegou a gastança irresponsável do setor público, com notórios danos à economia brasileira. O governo anunciou um grave déficit primário nas contas do Tesouro Nacional em setembro, mês em que o chamado “setor público não financeiro” registrou déficit de R$ 25,5 bilhões em suas contas primárias (receitas menos gastos antes de pagar os juros da dívida). É o quinto mês seguido de déficit, situação que não ocorria desde 1997.
Os números referem-se ao desempenho fiscal de União, estados, municípios e empresas sob controle dos respectivos governos, excluídos os bancos estatais, a Petrobras e a Eletrobras. No acumulado do ano, o déficit primário chega a R$ 15,7 bilhões, quando a meta estabelecida para 2014 era de um superávit de R$ 116 bilhões. Esse superávit destinava-se a fazer frente aos juros da dívida, que, no conceito de dívida líquida do setor público não financeiro, chegou a R$ 1,82 trilhão (equivalente a 36% do PIB). Além de não ter dinheiro para pagar nem sequer os juros da dívida, o governo terá de tomar novos empréstimos para rolar o principal, os juros e mais o déficit primário.
Uma deterioração das contas fiscais de tamanha proporção provoca vários efeitos sobre a economia. Tomando apenas o efeito sobre a dívida pública, se nada for feito, em pouco tempo o governo estará devendo tanto que a população não escapará de uma sequência de menor crescimento do PIB, mais inflação, mais impostos, mais desemprego e mais pobreza. O próprio governo anunciou, indo contra a fala da presidente menos de uma semana antes, que reduzirá gastos com alguns programas sociais, a exemplo do abono salarial e do seguro-desemprego.
O valor que o governo tem de pagar em juros de sua dívida atingiu, no acumulado dos 12 meses terminados em setembro passado, R$ 280,8 bilhões, levando a um déficit final (nominal) de R$ 249,8 bilhões, ou seja 4,9% do PIB, o maior déficit desde 2003 (5,2%).
Além do aspecto econômico, essa questão comporta um elemento ético. Até que ponto uma campanha eleitoral pode ser feita de mentira, omissão de dados e divulgação de informações falsas sobre as contas públicas é uma discussão que merece ser feita. Sem os dados corretos – e sua divulgação foi deliberadamente adiada pelo próprio governo para depois do pleito –, a população fica sem alguns elementos relevantes para fazer a melhor avaliação possível nas circunstâncias. Nessa discussão, deve entrar também a proposta de proibir o governo de fazer jogadas contábeis falseadoras da realidade, como fez a presidente Dilma nos últimos anos. Seria útil à nação se os balanços contábeis e os relatórios financeiros do governo fossem submetidos a auditorias externas independentes, como é feito pelas empresas de capital aberto com ações na bolsa de valores.
Os Tribunais de Contas fazem um bom trabalho, mas sua fiscalização e seus pareceres são emitidos após (às vezes, muitos meses após) a publicação dos balanços e relatórios do governo. As empresas de capital aberto são obrigadas a submeter suas peças contábeis a auditoria antes da publicação. Além de estar claro que o governo foi longe demais na gastança e na construção de déficits, os relatórios das contas públicas estão sob suspeita há muito tempo, tanto no mercado interno quanto em órgãos internacionais de análise.
A história mundial mostra que todos os países que descuidaram do equilíbrio das contas públicas por um período relativamente longo acabaram impondo à sua população sacrifícios sociais pesados. O mínimo que se pode esperar da presidente eleita é que tenha a responsabilidade de impedir a continuação dos problemas que ela mesma criou.

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